Se o vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2008, Paul Krugman, estivesse à frente de um Banco Central hoje, trabalharia para reduzir a exposição da economia do país ao dólar. A afirmação foi feita por ele mesmo, nesta quarta-feira (25), durante palestra no ANBIMA Summit 2025, em São Paulo.
A atual fraqueza do dólar indica uma perda de confiança global nos Estados Unidos como centro financeiro confiável, diz o economista. Para ele, o mundo pode estar se aproximando de um cenário sem uma moeda dominante clara, o que traria riscos adicionais à economia global.
Durante o discurso, Krugman lembrou que a economia americana está três vezes mais dependente das importações hoje do que nos anos 1930, quando as tarifas estavam em níveis comparativos.
“O dólar continua sendo a principal moeda global, mas os sinais de enfraquecimento são visíveis. A moeda está mais vulnerável por causa da instabilidade política nos EUA e da condução atual da política econômica americana”, afirmou Krugman.
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Paul Krugman vê o euro como principal alternativa, mas com limitações
Para o economista, o euro é o ativo que mais se aproxima de uma possível substituição do dólar, embora enfrente desafios. “A estrutura de custos para fazer negócios na Europa é mais alta que nos Estados Unidos. Isso ainda dá vantagem ao dólar. Mas a falta de previsibilidade americana abre espaço para que o euro ganhe terreno”, avaliou.
Krugman descartou as criptomoedas como alternativa viável à moeda americana. Segundo ele, as stablecoins servem para transações pontuais, mas ainda não têm escala ou estabilidade para substituir uma moeda de reserva global. “Não estão nem perto disso”, resumiu.
Perda de hegemonia do dólar e risco cambial global
Na visão do economista, os EUA já não são a economia dominante global há algum tempo, mas o dólar continua no centro do sistema financeiro por inércia e confiança institucional acumulada. “A grande questão é: o que acontece se essa confiança se esvazia de vez?”, provocou.
Krugman alertou que, sem uma moeda central confiável, o mundo pode entrar em uma fase de fragmentação cambial, com consequências para o comércio internacional e o custo de capital.
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Ele também citou os efeitos das políticas comerciais unilaterais adotadas pelos EUA, que, segundo ele, afetam diretamente a credibilidade da moeda americana e representam o maior choque de política comercial da história. “As tarifas impostas por Trump e a condução imprevisível da política externa minam a confiança na estabilidade do dólar”, afirmou.