A decisão de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros gerou forte impacto nas principais commodities exportadas pelo país.
Café, soja e milho reagiram com volatilidade nos mercados futuros, enquanto especialistas apontam risco de perda de competitividade e redirecionamento de compradores para outros países.
Segundo Guto Gioielli, analista e fundador do Portal das Commodities, o mercado de café foi um dos mais sensíveis à notícia. A oscilação reflete o temor de que os compradores norte-americanos não aceitem pagar preços acrescidos da nova tarifa.
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O contrato para setembro chegou a subir 2,53% na Bolsa de Nova York, atingindo US$ 357, mas devolveu os ganhos no fim do pregão, encerrando em US$ 337.
O Brasil é responsável por cerca de 30% da produção global de café arábica. Boa parte desse volume tem como destino os Estados Unidos. Com a taxação, os importadores norte-americanos podem migrar para concorrentes, tendendo a pressionar os preços internacionais da commodity. Confira a análise:
Milho tem leve alta, mas segue sob pressão
O milho apresentou uma reação pontual com o contrato para dezembro em leve alta, impulsionado por boas vendas internas nos EUA. Mesmo assim, o cenário segue crítico.
Produtores norte-americanos alertaram a administração Trump sobre os impactos negativos das políticas agrícolas, o que levou associações do setor a enviarem uma carta solicitando mudanças na gestão da commodity.
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No Brasil, o movimento do milho é influenciado diretamente pelo clima geopolítico e pela demanda global. A continuidade da guerra comercial pode afetar as exportações brasileiras caso medidas de retaliação ampliem o isolamento internacional.
Soja se recupera, mas incerteza persiste
A soja também apresentou valorização. O farelo de soja subiu 0,71% e o óleo de soja, 0,43%. A commodity vinha em trajetória de queda, mas reagiu ao aumento da incerteza sobre o comércio internacional. Os contratos se aproximaram do suporte técnico na faixa de US$ 10,16, sinalizando possível estabilização no curto prazo.
A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) alertou que a tarifa norte-americana pode encarecer alimentos, agravar a inflação e reduzir a margem de lucro dos produtores.
Dólar e inflação: riscos adicionais
A guerra comercial entre Brasil e Estados Unidos tende a pressionar o câmbio. O dólar subiu para R$ 5,54 com o aumento da aversão ao risco. Esse movimento encarece insumos importados e aumenta os custos de produção no agronegócio.
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Além disso, o dólar alto pode contribuir para um novo ciclo de inflação. O impacto pode ser sentido diretamente nos preços de alimentos e combustíveis, especialmente se houver resposta retaliatória por parte do governo brasileiro.
Retaliação pode ampliar perdas
A resposta inicial do governo brasileiro foi sinalizar uma possível retaliação na mesma proporção — ou seja, também de 50%. No entanto, analistas alertam que essa medida pode ter efeito limitado, já que os produtos norte-americanos representam fatia menor no consumo brasileiro e uma tarifa pode gerar mais inflação do que proteção.
A disputa comercial aumenta a incerteza sobre a estabilidade dos fluxos de exportação do Brasil e pode levar os compradores a reverem contratos, prejudicando o desempenho da balança comercial e pressionando ainda mais os preços das commodities brasileiras.