O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, sinalizou a possibilidade de um corte de juros na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), em setembro.
Durante seu discurso no simpósio de Jackson Hole, nesta sexta-feira (22), Powell afirmou que “o cenário-base e a mudança no balanço de riscos podem justificar um ajuste em nossa postura de política”.
A sinalização provocou forte reação nos mercados: Nos Estados Unidos, o Dow Jones subia 2,04%, o S&P 500 avançava 1,62% e o Nasdaq tinha alta de 1,96% após as falas do dirigente do Fed.
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No Brasil, às 12h40 (horário de Brasília) 100% das ações sobem no Ibovespa, que acompanhava o movimento global e registrava alta de 2,22%%, aos 137.500,37 pontos, impulsionado pelo setor financeiro. O Ibovespa futuro operava na máxima de 2,23%, aos 140.180 pontos.
Entre os bancos, Bradesco avançava 2,36% (ON) e 2,09% (PN), Banco do Brasil subia 2,22%, Itaú (PN) ganhava 2,45%, Santander units tinham alta de 2,53% e BTG Pactual units registravam ganho de 0,92%.
O dólar recuava 0,96%, cotado a R$ 5,41. No exterior, o índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana frente a pares globais, atingia a mínima em queda de 1%, aos 97,629 pontos.
Mercado de trabalho no centro do debate de Jerome Powell
Em seu discurso, Jerome Powell destacou que a desaceleração no mercado de trabalho americano em julho. Segundo ele, a criação de vagas caiu para uma média de 35 mil por mês nos últimos três meses, contra 168 mil em 2024.
“Essa desaceleração é muito maior do que a avaliada apenas um mês atrás, pois os números anteriores de maio e junho foram revisados substancialmente para baixo”, afirmou.
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Apesar disso, Powell afirmou que a taxa de desemprego, que subiu para 4,2% em julho, segue em um “nível historicamente baixo”. Ele ressaltou, no entanto, que o crescimento da força de trabalho desacelerou com a queda da imigração e que a participação no mercado de trabalho diminuiu nos últimos meses.
“O mercado de trabalho parece estar em equilíbrio, mas é um tipo curioso de equilíbrio que resulta de uma desaceleração acentuada tanto na oferta quanto na demanda por trabalhadores. Essa situação incomum sugere que os riscos de queda para o emprego estão aumentando”, conclui Powell.
Para o estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves, o foco maior do discurso de Powell no mercado de trabalho e os riscos existentes a uma potencial desaceleração do mercado de trabalho, foi interpretado pelo mercado como um sinal de que o Fed tem receio de uma aceleração maior na economia, que impacte o mercado de trabalho, levando consequentemente a um início de corte de juros.
Ele enfatiza a fala de Powell sobre o risco de ter uma stagflation. “O mercado de trabalho, segundo ele, segue forte, a economia resiliente, mas os riscos negativos aumentaram e as tarifas podem reacender a uma inflação levando a um cenário de stagflation“.
Riscos para inflação e emprego
Powell alertou que o equilíbrio dos riscos está mudando. Segundo ele, a inflação permanece acima da meta, mas recuou em relação aos picos pós-pandemia. No entanto, tarifas comerciais recentes pressionaram os preços em alguns segmentos, o que pode gerar riscos adicionais.
“A política de imigração mais rígida levou a uma desaceleração abrupta no crescimento da força de trabalho”, disse Powell, ao mencionar também os impactos das políticas comerciais e fiscais.
Para Alves, a fala de Powell sugere que o Fed vê a inflação como potencialmente temporária e que os riscos para desaceleração do mercado de trabalho aumentaram e, com isso, pode ser apropriado um ajuste na política monetária.
Segundo o especialista, essa interpretação aumenta as apostas do mercado para um corte de juros na próxima reunião de setembro, tal qual já vinha sendo aguardado e especificado nas curvas de juros.
Já o economista Maykon Douglas avaliou que “a fala de Powell reforça como o payroll de julho pode ter sido um ‘turning point’ para o que os diretores do Fed pretendem fazer”. Ele destacou que, embora ainda exista o risco de repique inflacionário, o discurso foi mais dovish, com peso maior para os dados de emprego que serão divulgados até setembro.
O economista mantém a visão de que há boas chances de que o repique inflacionário causado pelas tarifas possa surpreender para cima nos próximos meses, e que, portanto, seria mais prudente reforçar a cautela do que contratar uma queda de juros no curtíssimo prazo.
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Última participação de Jerome Powell em Jackson Hole
Esta foi a oitava e última vez que Powell discursou no simpósio de Jackson Hole, já que deixará o comando do Fed em 2026.
O encontro, promovido pelo Fed de Kansas City, chega à sua 48ª edição com o tema “Mercados de Trabalho em Transição: Demografia, Produtividade e Política Macroeconômica”.