O Brasil vive mais uma de suas grandes contradições: a taxa básica de juros (Selic) permanece alta, em 15% ao ano, enquanto a Bolsa brasileira registra novos recordes, com o Ibovespa ultrapassando os 146 mil pontos.
Este cenário contraria os livros de economia, visto que a alta da Selic continua pressionando a economia. Apesar de o país registrar recorde de emprego e aumento na renda média do trabalhador, o Produto Interno Bruto (PIB) não decola.
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No novo episódio do Ligando os Pontos, Marcos de Vasconcellos, CEO do Monitor do Mercado, conta como isso é possível e, mais importante ainda, o que isso significa para os seus investimentos. Confira:
Fluxo estrangeiro sustenta bolsa
Normalmente, um clima de incerteza política e econômica, como a falta de definição de oposição para 2026, ou operações da Polícia Federal (PF), tenderia a gerar pessimismo e fuga de capitais. Contudo, o oposto ocorreu.
E há, segundo Vasconcellos, duas explicações principais para a resiliência e alta no mercado de ações:
- Investidor estrangeiro (fluxo de dólar): enquanto os EUA começam a cortar juros e na Europa e Japão as taxas permanecem baixas, o Brasil oferece juros altíssimos. Com o risco soberano (risco de o país quebrar) relativamente controlado, o país funciona como um “ímã de dinheiro” de estrangeiros.
- Mercado de capitais maduro: O mercado doméstico está mais resiliente, com um número maior de empresas listadas e mais brasileiros investindo em ações. O resultado deste fluxo de dólares é o fortalecimento da Bolsa e a manutenção de um real mais estável frente ao dólar.
Quem apostou tudo no mercado de ações, obteve ganhos superiores a 21%, com algumas ações registrando altas ainda maiores. Já quem aplicou em renda fixa garante hoje retornos próximos de 15% ao ano, praticamente sem risco.
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O CEO do Monitor explica que a questão central do debate é a diversificação, já que tanto a renda fixa quanto a Bolsa oferecem oportunidades. Apostar apenas na “bola da vez” pode levar à frustração.
Governo critica, mas não ajuda
Apesar das críticas históricas do governo aos juros altos, o mesmo não apresentou mudanças estruturais nas contas públicas. Com os gastos aumentando, a dívida pública é pressionada e dificulta a redução da Selic.
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, defendeu a manutenção da taxa como medida de equilíbrio para conter a inflação. O silêncio do governo após a decisão contrastou com os embates frequentes da gestão anterior contra o ex-presidente da instituição, Roberto Campos Neto.