O Grupo Light, que há três semanas atrás anunciou sua desistência da recuperação judicial condicionada à aceitação do plano de recuperação pelos credores, tomou uma decisão surpreendente. O conselho de administração do Grupo comunicou hoje que a geradora Light Energia será retirada do processo de recuperação judicial.
A notícia gerou desconfiança entre os credores, que falaram sob anonimato à reportagem. Para eles, essa ação pode ser mais uma estratégia evasiva em um cenário onde as negociações permanecem estagnadas.
Inicialmente, tanto a concessionária Light Energia quanto a distribuidora Sesa haviam sido abrangidas pelo direito de proteção obtido pelo Grupo Light em maio, quando receberam a concessão da recuperação judicial. Esse movimento permitiu que as empresas driblassem a proibição legal do uso desse recurso por parte de concessionárias de energia. A maior parte das dívidas do grupo concentra-se na Sesa.
Segundo o comunicado emitido pela Light após o fechamento do mercado, a decisão de remover a Light Energia do processo foi tomada “em razão das tratativas extrajudiciais realizadas com seus credores e demais stakeholders”. A empresa também afirmou que a Light Energia protocolará uma petição para formalizar sua retirada do processo, que está em andamento na 3ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro.
A empresa não forneceu comentários adicionais sobre essa decisão, mas a especulação sugere que pode estar relacionada às negociações com o Santander. Em julho, o banco renunciou às garantias da holding, retirando assim o guarda-chuva que mantinha a Light Energia no processo de recuperação judicial. O objetivo do Santander era executar um título extrajudicial da geradora fora do âmbito da recuperação judicial, e chegou a obter uma ordem de execução na Justiça. No entanto, a Light conseguiu suspender essa determinação temporariamente.
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