No encerramento da sessão dessa sexta-feira, 15 de setembro, o dólar à vista apresentou uma queda de 0,03%, atingindo o valor de R$ 4,8712. Durante o dia, a moeda norte-americana oscilou em um intervalo de pouco menos de dois centavos, variando de R$ 4,8599 a R$ 4,8794. Nesse contexto, o contrato de dólar futuro para outubro registrou um volume de pouco mais de US$ 10 bilhões, refletindo um mercado com liquidez moderada.
Expectativa para a “Super Quarta”
Essa sessão morna e com moderação na liquidez foi moldada, em grande parte, pela expectativa dos investidores em relação à próxima “super quarta” marcada para o dia 20, quando serão anunciadas as decisões de política monetária tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. A desvalorização de 1,61% do dólar nos dois pregões anteriores incentivou os investidores a adotarem uma postura mais cautelosa.
Impacto da recuperação das commodities
O recente aumento nos preços das commodities, impulsionado por indicadores econômicos otimistas da China e estímulos monetários do Banco do Povo da China (PBoC), já parece estar incorporado na taxa de câmbio. Depois de se aproximar do patamar psicológico de R$ 5,00 na semana anterior, o dólar encerrou esta semana com uma queda de 2,24%, voltando aos níveis vistos no final de agosto.
Perspectivas para o real brasileiro
Os analistas acreditam que novas valorizações do real dependem de anúncios adicionais de estímulos à economia chinesa e de uma diminuição nas taxas dos Treasuries. No cenário doméstico, os investidores aguardam sinais de que o governo brasileiro conseguirá aprovar projetos no Congresso que aumentem as receitas, aproximando-se da meta de resultado primário neutro em relação ao PIB no próximo ano.
Cenário internacional e comportamento do dólar
No mercado internacional, o índice DXY apresentou uma ligeira queda e fechou em torno de 105,300 pontos no final da tarde. Esse movimento coincidiu com a recuperação moderada do euro, que recentemente atingiu seu menor valor em relação ao dólar desde março, após sinalizações do Banco Central Europeu (BCE) indicando o fim do ciclo de aumento das taxas de juros na região. Em comparação com moedas de países emergentes e exportadores de commodities, o dólar teve um desempenho misto, incluindo com o real brasileiro.
Medidas chinesas impulsionam commodities
Um acontecimento relevante foi a decisão do Banco do Povo da China (PBoC) de reduzir as taxas de juros dos contratos de recompra (repos) e injetar 34 bilhões de yuans (US$ 4,67 bilhões) no mercado, marcando a primeira vez que a autoridade monetária chinesa adota tal medida desde janeiro. Além disso, o BC chinês já havia reduzido o compulsório bancário. Indicadores de produção industrial e vendas na China em agosto superaram as estimativas dos analistas, embora haja ainda dúvidas sobre a capacidade do governo chinês de alcançar suas metas de crescimento.
Impacto no dólar
Essa combinação de fatores, juntamente com a indicação do BCE de um fim de ciclo e a possibilidade de o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, não aumentar mais as taxas de juros, levou à valorização das commodities e à consequente queda do dólar.
Perspectivas para o Fed
O mercado futuro indica que há quase unanimidade nas apostas de que o Fed anunciará a manutenção da taxa de juros na faixa entre 5,25% e 5,50% na próxima quarta-feira, com cerca de 60% de chances de que não haja novos aumentos nos FedFunds ainda este ano. Além disso, as leituras de inflação ao consumidor e produtor nos EUA, divulgadas esta semana, ficaram praticamente em linha com as expectativas.
Imagem: Piqsels