O fortalecimento do dólar tem impacto significativo nas finanças das empresas norte-americanas que operam no mercado internacional, acendendo alertas entre executivos que ansiavam por um alívio cambial em direção a níveis históricos.
Empresas norte-americanas sofrem com a valorização do dólar
Empresas renomadas como Apple, Getty Images e United Parcel Service (UPS) revelaram que a valorização do dólar nos últimos oito meses tem prejudicado suas vendas e, consequentemente, reduzido suas margens de lucro. Isso ocorre porque os produtos se tornam mais caros para os clientes estrangeiros devido à apreciação da moeda norte-americana.
Impacto nas finanças corporativas
Dados da FactSet até 30 de agosto mostram que as empresas do índice S&P 500 que dependem de mais da metade de suas receitas fora dos Estados Unidos estão enfrentando uma queda de 18% nos lucros do segundo trimestre. Em contrapartida, empresas com a maior parte de suas vendas nos EUA preveem um crescimento de 4% nos lucros.
Os fatores por trás do fortalecimento do dólar
A política do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, de elevar as taxas de juros para combater a inflação impulsionou a valorização do dólar no último ano. Além disso, a confiança crescente dos investidores em um “pouso suave” na economia dos EUA e os fracos indicadores econômicos da Europa e Ásia também contribuíram para essa tendência.
Incógnitas sobre o futuro do dólar
Apesar do dólar já ter subido consideravelmente, ainda está abaixo dos patamares alcançados no ano passado. Isso deixa as empresas em uma encruzilhada, incertas se essa valorização representa um retorno a um dólar valorizado ou se é apenas um último suspiro antes de uma possível queda.
Perspectivas futuras
Muitos especialistas de Wall Street preveem que o dólar continuará a se valorizar enquanto a economia dos EUA mantiver seu crescimento. De acordo com a distrital do Fed de Atlanta, o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA avança quase 5% em uma taxa anualizada, sinalizando uma possível sustentação dessa tendência.
Empresas afetadas
Grandes empresas como a Walt Disney já estão prevendo uma queda nas visitas internacionais a seus parques temáticos devido ao dólar forte, enquanto a Nike antecipa que as taxas de câmbio continuarão prejudicando seus resultados.
Impacto na Apple
A gigante da tecnologia Apple afirmou que as taxas de câmbio desfavoráveis custaram à empresa quatro pontos percentuais de receita durante o último trimestre. Além disso, prevê que o dólar forte reduza dois pontos percentuais de sua receita anual. A empresa teria registrado crescimento de receita no último trimestre se não fossem as oscilações cambiais.
Medidas de proteção cambial
Com 60% de seus negócios provenientes do exterior, a Apple está se protegendo contra os efeitos adversos do dólar forte. O diretor financeiro da Apple, Luca Maestri, destacou que a empresa faz hedge das exposições cambiais para minimizar o impacto, embora proteger todas as exposições seja desafiador em alguns casos.
Getty Images e UPS também sofrem
A agência de fotografias Getty Images revelou que o dólar forte contribuiu para um prejuízo de US$ 4,3 milhões no segundo trimestre, devido às taxas de câmbio com a libra e o euro. A diretora financeira da empresa, Jennifer Leyden, espera uma melhoria nas moedas estrangeiras na segunda metade de 2023, desde que as taxas se mantenham estáveis.
A UPS, por sua vez, viu sua receita internacional cair 13% no segundo trimestre, principalmente devido às taxas de câmbio. As oscilações cambiais foram responsáveis por um declínio de US$ 41 milhões nas receitas internacionais e na cadeia de abastecimento da empresa de entregas.
Imagem: Domínio Público.