Um nicho de mercado pouco explorado, mas com grande potencial. Agência de viagem voltada para destinos ligados à história do socialismo, a Estrela Vermelha foi lançada no ano passado e já vem apresentando resultados mais próximos “do azul”.
A ideia foi dos hoje sócios Cauê Araújo, bibliotecário, e Rodrigo Ianhez, historiador e residente em Moscou. Tudo surgiu de uma viagem que fizeram juntos a duas ex-repúblicas soviéticas, a Armênia e a Georgia – destinos para os quais Rodrigo já havia viajado várias vezes. O primeiro pacote criado pela dupla foi justamente para esses dois países.
Na sequência, vieram outros, não necessariamente associados à ex-União Soviética, mas com a característica comum de serem socialistas ou terem um histórico associado ao universo socialista, casos de Cuba, da China, da própria Rússia e do que foi a Alemanha Oriental até a queda do Muro de Berlim.
Transiberiana
Desde a estreia, já foram feitas três viagens (Georgia e Armênia; Alemanha e Cuba) e lançados pacotes para a Rússia, China e um novo para Georgia e Armênia, todos com bastante procura. “No nosso primeiro pacote para Cuba, fechamos a lotação total, de 30 pessoas, em um mês”, conta Cauê.
A novidade mais recente é uma viagem de 25 dias pela ferrovia Transiberiana, com embarque dia 2 de setembro de 2024, saindo de Moscou e terminando em Vladivostok. O trajeto, de mais de 9 mil quilômetros, percorre sete fusos horários e inclui uma diversidade cultural capaz de atrair até mesmo aqueles não tão interessados no universo socialista.
Primeira capital judia
“A Rússia é um país muito diverso e esse roteiro deixa isso bem claro, incluindo, por exemplo, visitas a Kazan, região com uma grande população muçulmana e suas majestosas mesquitas e a Birobidjan, capital da primeira nação judia moderna, chamada de Estado Autônomo Judaico, além da própria Vladivostok, já na fronteira com a China e a Coreia do Norte”, explica Rodrigo. A época, setembro, foi escolhida justamente por conta do clima mais ameno e que permite a visão das belas paisagens ao longo do caminho.
Única empresa brasileira a oferecer essa experiência, a Estrela Vermelha é, também, a única a oferecer roteiros em Moscou, mesmo diante das dificuldades criadas pelas sanções impostas pelo Ocidente em razão da guerra com a Ucrânia. “O país continua bastante atrativo, mas a visita inclui uma série de desafios que temos conseguido contornar, como o fato de cartões de crédito internacionais de empresas ocidentais não serem aceitos”, diz Rodrigo.
Perfil
Além do diferencial de apoio em terras russas e nos países socialistas visitados, a empresa oferece uma orientação, aqui no Brasil, para a obtenção de vistos, além de guias e historiadores brasileiros nos destinos visitados e uma ecobag personalizada.
O perfil dos “companheiros viajantes”, segundo os sócios, varia bastante: para destinos mais em conta, como Cuba, por exemplo, o grupo foi composto, sobretudo, por esquerdistas da velha guarda e alguns jovens mais radicais. Já para a Transiberiana (um roteiro de custo mais elevado e que exige mais disponibilidade de tempo), a tendência é de o público ser composto por socialistas mais abastados e com idade mais elevada.
“Nossa intenção não é atender só a esse público; mas, até pela proposta da agência e por seu nome, a clientela sabe que não irá encontrar, entre os viajantes, pessoas com determinados perfis ideológicos”, afirma Rodrigo.