O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores, fechou em queda pelo quinto pregão consecutivo e renovou a mínima em cinco meses, com o mercado preocupado com a persistente pressão sobre o câmbio e as contas públicas após a mudança da meta fiscal para os anos de 2025 e 2026.
No fechamento, o índice fechou em queda de 0,75%, aos 124.388,62 pontos, com um volume de R$ 26,5 bilhões negociados. Essa sequência negativa é a mais longa desde outubro do ano passado.
Pedro Marinho Coutinho, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, disse que a Bolsa tem um dia de aversão ao risco com temor ao fiscal doméstico devido à mudança da meta fiscal para 2025 e 2026 e os juros americanos.
Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, também disse que a queda no mercado na sessão de hoje reflete totalmente o cenário doméstico.
“O mercado não engoliu a nova meta fiscal [anunciada ontem pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad] isso está afetando Bolsa, dólar e juros”.
Dólar
O dólar à vista disparou na sessão desta terça-feira (16), com uma alta de 1,61%, cotado a R$ 5,27, após flertar com o patamar de R$ 5,29 no fim da manhã.
Esse foi o quinto dia consecutivo de valorização da moeda americana, acumulando um avanço de 5,21% neste período. No acumulado do ano, o dólar apresenta uma valorização de 8,56%.
Impacto do cenário internacional
O mercado acionário em Nova York teve um desempenho misto, com o S&P 500 recuando 0,21%, Nasdaq perdendo 0,12% e o Dow Jones subindo 0,17%.
O sentimento foi influenciado pela cautela em relação aos acontecimentos no Oriente Médio, especialmente em Israel, que levantaram preocupações sobre potenciais efeitos inflacionários nos custos de energia.
Expectativas de corte de juros nos Estados Unidos
A expectativa em torno dos cortes de juros nos EUA pelo Federal Reserve tem sido um ponto central para os investidores. Esperava-se inicialmente que os cortes ocorressem entre junho ou julho, porém essa previsão foi adiada para setembro. As incertezas em relação à trajetória desses cortes têm impactado os mercados globais.
Declaração de Jerome Powell
Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, mencionou que os dados recentes sobre inflação nos EUA indicam que será necessário mais tempo para considerar cortes de juros. Ele ressaltou uma desaceleração significativa dos preços, mas reconheceu a falta de progresso na meta de inflação de 2% ao ano.
Comentário do ministro da Fazenda
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, durante os encontros do FMI e do Banco Mundial em Washington, enfatizou a necessidade de explicar melhor a situação das contas públicas no Brasil. Ele destacou que o país vem registrando déficits há 10 anos e ressaltou a importância de equilibrar gastos e receitas para promover o crescimento econômico.
Ontem, a equipe econômica anunciou redução do superávit de 0,5% do PIB para zero em 2025. Em 2026, a meta fiscal caiu de 1% para 0,25%.
Dados econômicos da China
Dados econômicos divergentes da China também impactaram o mercado. Embora o PIB do primeiro trimestre e os investimentos fixos tenham superado as previsões, as vendas do varejo e a produção industrial ficaram aquém do esperado. Isso reflete uma recuperação econômica irregular no país asiático.
Cenário corporativo
As ações da Petrobras tiveram um desempenho positivo durante a sessão, com uma alta de 0,49% (ON) e 0,46% (PN). A Vale (VALE3) caiu 0,88% impactada pelo minério de ferro.
Os grandes bancos — que exercem força no índice — também enfrentaram queda, com Banco do Brasil caindo 1,13%, Bradesco 1,05%, Itaú 0,75% e Santander 0,85%.
Na ponta positiva, ficaram empresas como WEG (3%), Eztec (2,97%), MRV (2,34%) e Lojas Renner (1,39%). Do outro lado, na ponta negativa, tivemos Assaí (5,32%), Alpargatas (5,05%), Carrefour Brasil (4,40%) e Locaweb (4,34%).