Os preços do petróleo operam em alta nesta segunda-feira (7) após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) anunciar o maior aumento de produção desde abril. O movimento contraria as expectativas do mercado, que esperavam uma queda diante de mais oferta.
Neste sábado (5), a Opep+ concordou em aumentar a produção em 548 mil barris por dia (bpd) a partir de agosto. Esse volume supera os acréscimos de 411 mil bpd adotados nos três meses anteriores e representa a maior liberação desde que o grupo começou a reverter seus cortes.
Segundo analistas, o movimento reflete preocupações com a oferta física apertada e expectativas de demanda sazonal mais forte nos próximos meses.
A medida foi vista como um gesto para atender à pressão de países como os Estados Unidos, que buscam conter os preços da gasolina. O grupo justifica o aumento com base em fundamentos como estoques globais em níveis baixos e um cenário de estabilidade econômica.
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Mercado reage com alta nos preços
Apesar do aumento na oferta, o mercado reagiu com valorização. Por volta das 12h (horário de Brasília), os contratos mais líquidos do Brent para setembro subiam 1,17%, a US$ 69,10 o barril na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres.
Já o contrato do WTI para agosto avançava 1,50%, a US$ 67,49 o barril na New York Mercantile Exchange (Nymex), em Nova York.
Interpretando um sinal de confiança na demanda da commodity, a Arábia Saudita elevou neste domingo (6) o preço do petróleo tipo Arab Light para a Ásia ao maior nível em quatro meses.
Reversão dos cortes voluntários se aproxima do fim
A Opep+ vem revertendo desde abril os 2,17 milhões de bpd em cortes voluntários adotados anteriormente para sustentar os preços durante a pandemia e períodos de baixa demanda.
A sequência de aumentos começou com 138 mil bpd em abril, seguida por 411 mil bpd em maio, junho e julho. Com os 548 mil bpd adicionais em agosto, restará somente uma fração dos cortes originais a ser retomada.
Segundo a Reuters, está prevista para setembro a conclusão desse processo, com um novo aumento de 550 mil bpd, o que encerraria oficialmente o ciclo de reversão.
Mudança de cota para os Emirados Árabes
Esse último aumento também marcará a conclusão do ajuste que amplia a cota de produção dos Emirados Árabes Unidos, que terá direito a um acréscimo de 300 mil bpd em sua produção.
A nova cota é parte de uma reconfiguração interna da Opep+ para refletir a capacidade de produção dos países-membros.
Os oito países que participaram dos cortes voluntários são Arábia Saudita, Rússia, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã, Iraque, Cazaquistão e Argélia e devem estar com seus volumes restaurados até setembro.
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Geopolítica e cenário externo pressionam o petróleo
A decisão da Opep+ ocorre em meio a pressões do presidente dos EUA, Donald Trump, que tem pedido publicamente mais produção para aliviar os preços da gasolina, um tema sensível para o consumidor norte-americano.
A reversão dos cortes também é vista como uma tentativa do grupo de recuperar participação de mercado, que vinha sendo perdida para produtores fora da aliança, especialmente nos Estados Unidos.