A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,43% em abril, após registrar alta de 0,56% em março. Apesar da desaceleração, este foi o maior IPCA para um mês de abril desde 2023 (0,61%), segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (9).
Com o resultado, o IPCA acumula alta de 2,48% no ano e de 5,53% em 12 meses — acima da taxa de 5,48% registrada até março.
O número também ficou acima das projeções do mercado, cuja mediana previa avanço de 0,42% no mês e 5,52% no acumulado.
Segundo Flávio Serrano, economista-chefe do Banco Bmg, o número abaixo das expectativas foi causado, principalmente, por uma queda mais intensa do que o esperado nas passagens aéreas (-14,4%, ante -4% projetado), o que respondeu por 0,08 ponto percentual da diferença.
“Alimentação no domicílio e bens industriais seguiram pressionados, com altas de 1,29% e 0,57%, respectivamente”, afirmou Serrano.
Inflação pelo IPCA segue acima da meta
A inflação segue acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central para 2024, que é de 4,5%, com centro em 3% e tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
A persistência de índices elevados reforça a cautela do mercado quanto à possibilidade de novos cortes na taxa Selic. O BC tem adotado uma política monetária mais restritiva para conter a alta de preços, com a Selic atualmente em 14,75% ao ano.
- ⚡ Investir sem estratégia custa caro! Garanta aqui seu plano personalizado grátis e leve seus investimentos ao próximo nível.
Medicamentos e alimentos lideram altas
O grupo Saúde e Cuidados Pessoais registrou alta de 1,18% em abril, com impacto de 0,16 ponto percentual no IPCA.
O principal fator foi o reajuste de até 5,09% nos preços dos medicamentos autorizado a partir de 31 de março. Produtos farmacêuticos subiram 2,32%, enquanto itens de higiene pessoal avançaram 1,09%.
Já o grupo Alimentação e Bebidas subiu 0,82%, com a alimentação no domicílio registrando alta de 0,83%. Destaques de alta: batata-inglesa (+18,29%), tomate (+14,32%) e café moído (+4,48%).
Entre as quedas, destacam-se: cenoura (-10,40%), arroz (-4,19%) e frutas (-0,59%).
A alimentação fora do domicílio subiu 0,80%, puxada pelo subitem lanche, que acelerou de 0,63% para 1,38%.
Vestuário e despesas pessoais em alta
O grupo Vestuário avançou 1,02%, com alta de 1,45% na roupa feminina, 1,21% na masculina e 0,60% em calçados e acessórios.
Em Despesas Pessoais, o IPCA subiu 0,54%, com alta de 2,71% no cigarro e 0,87% nos serviços bancários.
- 💰 Comece a gerar renda passiva! Descubra o método para gerar renda passiva com Fundos Imobiliários. Baixe grátis agora!
Transportes em desaceleração
Nesta leitura do IPCA, o grupo Transportes teve queda de 0,38%, influenciado por:
- Passagem aérea: -14,15%
- Gasolina: -0,35%
- Etanol: -0,82%
- Óleo diesel: -1,27%
- Gás veicular: -0,91%
Por outro lado, o metrô subiu 1,01%, refletindo reajustes de tarifas em cidades como Rio de Janeiro e Brasília. O táxi subiu 1,15%, com aumentos em Porto Alegre (+10,56%) e Aracaju (+4,95%).
No ônibus urbano, a variação foi de -0,09%, considerando reajustes em Porto Alegre (+3,95%), Belém (-6,75%) e gratuidade aos domingos e feriados em Brasília e Curitiba.
Grupos que contribuíram para a alta do IPCA
- Habitação: subiu 0,14%, influenciada por reajustes na conta de água e esgoto em Goiânia (+4,17%) e Recife (+9,98%).
- Energia elétrica residencial: recuou 0,08%, com variações regionais entre aumentos e reduções nas tarifas.
- Educação: teve leve alta de 0,05%
- Comunicação: avançou 0,69%.
Porto Alegre lidera inflação regional
Entre as regiões pesquisadas, Porto Alegre teve a maior alta no IPCA de abril, com 0,95%, puxada por energia elétrica (+3,37%) e tomate (+45,96%).
A menor variação foi registrada em Brasília, com alta de apenas 0,04%, influenciada pela queda de 7,46% nas passagens aéreas e 1,69% na gasolina.
- 📈 Quer investir como os grandes? Veja os ativos selecionados pelos especialistas do BTG – 100% grátis!
INPC sobe 0,48% e também supera 5% em 12 meses
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação das famílias com rendimento de até cinco salários mínimos, subiu 0,48% em abril. O índice acumula alta de 2,49% no ano e de 5,32% em 12 meses.
Alimentos no INPC subiram 0,76%, abaixo dos 1,08% registrados em março. Os itens não alimentícios variaram de 0,32% para 0,39%.
Pressão nos preços preocupa analistas
Apesar da leve surpresa positiva nos números gerais, analistas veem um quadro persistente de pressão inflacionária.
Os núcleos de inflação, que desconsideram itens mais voláteis, subiram 0,48%, enquanto os serviços subjacentes avançaram 0,55%.
Segundo o economista Flávio Serrano, ambos os indicadores são compatíveis com uma inflação anualizada próxima de 6%, muito acima da meta do BC.
Serrano também alertou para volatilidade nos preços nos próximos meses, especialmente alimentos e energia elétrica, com possibilidade de acionamento da bandeira amarela nas contas de luz.
- 🔥 Quem tem informação, lucra mais! Receba as melhores oportunidades de investimento direto no seu WhatsApp.
Projeção para o IPCA em 2025
Para Alexandre Maluf, economista da XP, os dados do IPCA-15 de abril também mostraram surpresas pontuais em itens voláteis, mas não alteram o cenário de pressão inflacionária no curto prazo.
“Considerando o 3M SAAR [inflação anualizada nos últimos três meses], todos os principais núcleos seguem bem acima da meta e da inflação acumulada em 12 meses, sugerindo pressão altista à frente”, disse.
Mesmo com os ajustes pontuais, a XP manteve a projeção de IPCA em 6% para 2025, ainda que com viés de baixa. Na atualização mais recente da estimativa para abril, a projeção foi revisada de 0,41% para 0,38%.