As ações da Azul (AZUL4) registram forte queda de 7,69%, negociadas a R$ 1,78 na Bolsa de Valores brasileira (B3) nesta segunda-feira (28), refletindo a aversão dos investidores à oferta pública de ações anunciada na semana passada e às perspectivas de diluição relevante dos atuais acionistas.
Somente em abril, o papel AZUL4 acumula perdas superiores a 47%, quase o equivalente à desvalorização acumulada desde o início de janeiro, de 50%. Na última sexta-feira (24), a queda foi de 17%.
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Detalhes da oferta de ações da Azul
A companhia aérea informou em fato relevante à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a emissão de 464 milhões de novas ações preferenciais (PN), ao preço unitário de R$ 3,58. A operação movimentou cerca de R$ 1,7 bilhão, sob coordenação do UBS BB (líder), BTG Pactual e Citi.
A oferta faz parte do plano de reestruturação financeira da Azul, que visa reduzir o seu elevado endividamento em dólar. A conversão de dívida em ações foi necessária principalmente para os bondholders — investidores que detêm títulos de dívida da companhia no exterior.
No entanto, muitos desses investidores precisam vender os papéis imediatamente após recebê-los, pois seus mandatos não permitem a posse de ações. Isso gerou forte pressão vendedora no mercado.
Aumento da liquidez e correção no preço
Antes da oferta, as ações da Azul tinham liquidez limitada, com volume médio diário entre 9 milhões e 12 milhões de papéis, e volume financeiro próximo de R$ 40 milhões.
Após a oferta, ocorreram as seguintes variações:
- O volume de ações negociadas saltou para 153 milhões no dia 24 de abril e para 282 milhões no dia 25.
- O volume financeiro disparou para R$ 420 milhões e R$ 592 milhões, respectivamente.
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Ainda assim, o lote adicional de ações previsto na oferta, que poderia elevar a operação em até R$ 2,5 bilhões, teve baixa adesão. Apenas R$ 48 milhões foram captados dessa tranche adicional, impactados pela volatilidade do mercado, agravada por incertezas externas, como as tarifas comerciais dos Estados Unidos.
Diluição preocupa investidores da Azul
O J.P. Morgan retirou o preço-alvo de R$ 9,50 para as ações da Azul e manteve a recomendação neutra para os papéis. Segundo relatório do banco, a diluição dos acionistas minoritários pode chegar a aproximadamente 85%, considerando todas as etapas do plano de reestruturação.
Isso porque o número de ações da companhia pode passar de 348 milhões para 2,4 bilhões, após a conclusão de todas as conversões e emissões previstas. Entre as medidas que impactam a estrutura acionária estão:
- Emissão de 96 milhões de ações para arrendadores, referente à equalização de US$ 557 milhões em dívidas.
- Aumento de capital de US$ 12 milhões, gerando 16 milhões de novas ações.
- Conversão de dívida dos bondholders em 464 milhões de ações.
- Conversão futura de bônus emitidos em 2020, que adicionará cerca de 708 milhões de ações.
- Programa de compensação a executivos e acionistas de referência, com potencial de gerar até 250 milhões de novas ações.
Esses movimentos visam fortalecer a posição financeira da Azul, mas têm gerado preocupação sobre a diluição do valor por ação para os investidores atuais.
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Comparativo de valor com concorrentes
Antes da emissão, a Azul era negociada com prêmio elevado em relação a seus pares. Seu múltiplo EV/Ebitda era de 6 vezes, enquanto a Latam operava a 4 vezes e a Copa Airlines, a 4,5 vezes.
O EV/Ebitda é um indicador que mede o valor da empresa em relação à sua geração de caixa operacional. Quanto maior o múltiplo, mais cara a ação é considerada.
A baixa liquidez das ações antes da oferta justificava parte desse prêmio. Com o aumento expressivo da liquidez após o follow-on (oferta de ações), o mercado ajustou rapidamente o valor dos papéis.