O SoftBank Group vendeu toda sua posição na Nvidia, em um movimento estratégico que levantou US$ 5,83 bilhões para financiar uma nova rodada de investimentos em inteligência artificial (IA).
A venda ocorre no momento em que o conglomerado japonês, liderado por Masayoshi Son, registra lucro líquido recorde de 2,5 trilhões de ienes (US$ 16,3 bilhões) no segundo trimestre fiscal e acelera sua estratégia de concentração total em ativos ligados à IA.
A decisão reforça o reposicionamento do SoftBank no centro do ecossistema global de inteligência artificial, num cenário de investimentos trilionários de gigantes como Meta, Alphabet e Microsoft. No entanto, a estratégia levanta debates sobre a sustentabilidade desses aportes para o mercado de tecnologia.
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“Não posso dizer se estamos em uma bolha de IA ou não”, afirmou o diretor-financeiro do SoftBank, Yoshimitsu Goto, durante conferência de resultados na terça-feira (11). “Vendemos a Nvidia para que o capital possa ser utilizado em nosso financiamento”, completou.
Venda da Nvidia marca nova fase do SoftBank em IA
A venda das cerca de 32,1 milhões de ações da Nvidia foi concluída em outubro, mas não impactou o balanço do segundo trimestre.
Segundo Goto, a transação teve como objetivo levantar recursos para o novo ciclo de investimentos e não está relacionada ao desempenho da Nvidia.
O movimento ocorre enquanto o mercado discute a escalada dos investimentos em IA por grandes empresas de tecnologia — como Meta, Microsoft e Alphabet —, que podem ultrapassar US$ 1 trilhão nos próximos anos.
Histórico de investimento do SoftBank na Nvidia
O SoftBank já havia vendido ações da Nvidia em 2019, antes do lançamento do ChatGPT, que impulsionou o setor.
De acordo com informações do conglomerado, o valor da participação era de cerca de US$ 3 bilhões no fim de março. Com a venda por US$ 5,83 bilhões, o resultado foi positivo.
Desde então, a Nvidia ganhou mais de US$ 2 trilhões em valor de mercado, impulsionada pela demanda global por chips usados em IA.
SoftBank foca bilhões na OpenAI após lucro recorde
O lucro do SoftBank no segundo trimestre superou em seis vezes as estimativas dos analistas, que apontavam para 418 bilhões de ienes. O ganho veio principalmente dos fundos Vision, veículos de investimento do grupo voltados a startups de tecnologia.
O resultado de investimentos do Vision Fund e do Vision Fund 2 saltou para 2,75 trilhões de ienes no trimestre encerrado em setembro, frente aos 567,4 bilhões de ienes registrados um ano antes.
A valorização da OpenAI, criadora do ChatGPT, foi o principal fator para o desempenho. A empresa japonesa liderou em março uma rodada de captação de até US$ 40 bilhões, que avaliou a OpenAI em US$ 300 bilhões.
Em outubro, o SoftBank adquiriu US$ 6,6 bilhões em ações de funcionários, elevando a avaliação da startup para US$ 500 bilhões. O investimento total do grupo na OpenAI deve chegar a US$ 34,7 bilhões até dezembro de 2025.
Captação agressiva de recursos
Para sustentar o ciclo de investimentos, o SoftBank ampliou um empréstimo lastreado em ações da Arm Holdings, empresa de chips controlada pelo grupo, de US$ 13,5 bilhões para US$ 20 bilhões, dos quais US$ 11,5 bilhões ainda estão disponíveis.
Também contratou um empréstimo-ponte de US$ 8,5 bilhões para financiar o aporte na OpenAI e outro para a aquisição da Ampere. Desde abril, o conglomerado emitiu títulos em três moedas diferentes, totalizando o equivalente a US$ 6,2 bilhões.
O objetivo é aumentar a liquidez para sustentar os aportes de longo prazo em IA, enquanto reduz participações em ativos tradicionais.
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Expansão dos investimentos e novos acordos
O SoftBank anunciou planos para adquirir a projetista de chips americana Ampere Computing por US$ 6,5 bilhões e a divisão de robótica da ABB por US$ 5,4 bilhões.
Além disso, o grupo vai investir US$ 22,5 bilhões na OpenAI, por meio do Vision Fund 2, removendo as condições prévias que havia imposto anteriormente.
O conglomerado também participa de uma joint venture de US$ 500 bilhões com a OpenAI para construção de infraestrutura de IA nos Estados Unidos, incluindo data centers no projeto Stargate e fábricas de robôs autônomos.









