O Departamento de Comércio dos Estados Unidos anunciou, nesta segunda-feira (21), a imposição de tarifas de até 3.521% sobre painéis solares importados de quatro países do Sudeste Asiático: Camboja, Tailândia, Malásia e Vietnã. A decisão ocorre após uma investigação iniciada há um ano sobre supostas práticas comerciais desleais praticadas por empresas chinesas com fábricas nesses países.
A ação é uma resposta a denúncias de dumping (quando produtos são vendidos a preços abaixo do custo de produção) e ao uso de subsídios ilegais, que tornam os produtos estrangeiros mais baratos e prejudicam a competitividade da indústria local.
Para que essas tarifas entrem em vigor de forma definitiva, a Comissão de Comércio Internacional dos EUA (ITC) precisa concluir que a indústria americana de painéis solares sofreu “dano material” causado pelas importações subsidiadas e abaixo do custo. A votação está prevista para junho de 2025.
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Denúncias de dumping contra empresas chinesas
A investigação sobre supostas práticas ilegais de empresas chinesas foi solicitada por um grupo de fabricantes de painéis solares nos EUA, incluindo Hanwha Qcells, de origem sul-coreana, First Solar Inc., sediada no Arizona, e outros produtores menores.
Eles alegaram que grandes fabricantes chineses estariam utilizando fábricas em países do Sudeste Asiático para evitar as tarifas impostas anteriormente sobre produtos diretamente vindos da China, durante o governo Trump.
O grupo denunciante é representado pelo Comitê de Comércio da Aliança Americana para a Fabricação de Energia Solar (American Alliance for Solar Manufacturing Trade Committee).
Tarifas variam por empresa e país
As tarifas anunciadas são mais altas do que os valores preliminares divulgados no final de 2024 e somam-se às taxas já existentes, que chegam a 145% para produtos chineses.
As taxas anunciadas variam conforme o grau de colaboração das empresas com a investigação. Entre os destaques:
- Camboja: tarifas de 3.521% sobre produtos de empresas que não cooperaram com a investigação
- Trina Solar (Tailândia): 375,19%
- Jinko Solar (Malásia): 41,56%
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Impactos das tarifas sobre o mercado solar
As importações desses quatro países totalizaram quase US$ 12 bilhões em 2023, representando a maior parte do fornecimento de painéis solares aos EUA no período.
Desde o anúncio da investigação, as importações vindas dessas regiões caíram, e países como Laos e Indonésia passaram a aumentar suas exportações para o mercado norte-americano.
A medida pode afetar a cadeia de suprimento da indústria solar nos EUA, já que muitas fábricas americanas dependem de células solares importadas para montar os painéis em território nacional. Com isso, há preocupação de que os custos mais altos resultem em preços maiores para consumidores e empresas.
Reações divergentes sobre as tarifas
A American Alliance for Solar Manufacturing Trade Committee, que representa os fabricantes que pediram a investigação, celebrou o anúncio. “Estamos confiantes de que essas tarifas vão combater práticas desleais de empresas chinesas que operam nesses países”, disse o advogado Tim Brightbill.
Por outro lado, críticos da medida, como a Associação das Indústrias de Energia Solar, alertam que os novos encargos podem frear a transição para a energia limpa nos EUA. A associação argumenta que a medida encarece os equipamentos e prejudica os produtores locais, que utilizam componentes importados para montagem interna.
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O anúncio sobre as tarifas também tem implicações geopolíticas. Ele ocorre dias após o presidente da China, Xi Jinping, visitar o Camboja, Vietnã e Malásia — justamente três dos quatro países afetados pelas tarifas — como parte de uma ofensiva diplomática para fortalecer alianças na Ásia e resistir àquilo que Pequim chamou de “intimidação unilateral” por parte dos EUA.