O dólar encerrou esta quarta-feira (27) em alta de 1,81%, a R$ 5,91, maior nível de fechamento em relação ao real desde sua criação. A moeda americana avançou impulsionada por incertezas no cenário fiscal, após informações sobre o anúncio de isenção de Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil mensais.
A medida, que será formalizada em pronunciamento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta noite, gerou preocupações no mercado por representar renúncia de receita em um contexto de atraso na divulgação do plano fiscal do governo.
Mercado teme impacto na meta fiscal
Analistas destacam que a isenção do IR reforça dúvidas sobre a capacidade do governo de cumprir as metas do arcabouço fiscal e estabilizar a relação dívida/PIB.
Em entrevista ao Estadão Broadcast, Andréa Damico, economista-chefe da Buysidebrazil, “o anúncio da isenção de IR praticamente junto ao pacote fiscal ofusca a mensagem de contenção de gastos”.
O mercado já vinha reagindo negativamente aos sucessivos adiamentos do plano fiscal, prometido para ser apresentado após as eleições municipais. A expectativa é de que o pacote inclua mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC), abono salarial, política de reajuste do salário mínimo e previdência de militares.
Movimentos técnicos e cenário externo
A cotação do dólar também foi influenciada por movimentos técnicos. Ordens de stop loss (limitação de perdas) e antecipações de rolagem de contratos futuros aumentaram o volume negociado, que superou US$ 17 bilhões.
Apesar do avanço do dólar no Brasil, o índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de moedas fortes, recuou 1% no mercado internacional. O movimento foi impulsionado por expectativas de corte de juros pelo Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, em dezembro.