O dólar segue em disparada na manhã desta sexta-feira (29), atingindo uma máxima intradiária de R$ 6,11, com alta de 2,04%. Desde ontem, a moeda vem sendo impulsionada pela recepção negativa ao pacote fiscal anunciado ontem pelo governo, que promete economia de R$ 71,9 bilhões entre 2025 e 2026.
No mercado futuro, o contrato para dezembro de 2024 avançava 0,51%, cotado a R$ 6,04.
O aumento do dólar pressiona ainda a curva de juros futuros, elevando as apostas para um ajuste maior da Selic na próxima reunião do Banco Central, com uma possível elevação de 0,75 ponto percentual.
Analistas apontam que o salto do dólar também é influenciado por fatores técnicos, como a formação da taxa Ptax (taxa de referência do dólar), e pela percepção de fragilidade das medidas fiscais para estabilizar a dívida pública.
“A grande questão é se, mesmo com o plano, a dívida continuará subindo e quais serão os reflexos na economia”, explica Márcio Riauba, head de câmbio da StoneX Banco de Câmbio.
Economistas acreditam em economia menor
Apesar do anúncio de cortes, economistas calculam que a economia real do pacote pode ser bem inferior aos R$ 71,9 bilhões divulgados. A Warren Investimentos projeta uma contenção de apenas R$ 45 bilhões, enquanto o Itaú Unibanco e a Monte Bravo estimam economias de R$ 53 bilhões e entre R$ 40 bilhões e 45 bilhões, respectivamente.
Segundo Jason Vieira, economista do portal Money You, as medidas incluem mais remanejamentos do que cortes efetivos, o que levanta dúvidas sobre o compromisso fiscal do governo. O mercado também questiona se o plano será suficiente para conter a alta da dívida pública.
Ibovespa opera na contramão do dólar
No caminho oposto do dólar, o Ibovespa opera em queda de 0,44%, aos 124.060 pontos por volta das 11h, mesmo com a valorização de ações de peso, como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3;PETR4), que sobem acima de 1%.
A cautela prevalece entre investidores, que temem dificuldades no cumprimento das metas do pacote de cortes, especialmente diante de potenciais resistências no Congresso.
Para economistas, a falta de detalhamento das medidas fiscais e as dúvidas sobre sua viabilidade complicam a reação positiva esperada pelo governo. “Apesar de avanços pontuais, o cenário ainda é desafiador, e o mercado demanda mais clareza e comprometimento”, conclui Vieira.