A comunidade científica se mantém atenta às variações climáticas globais e, entre os fenômenos mais monitorados, estão o El Niño e La Niña. Estes eventos climáticos têm capacidade de alterar significativamente os padrões de temperatura e precipitação em várias regiões do mundo. No Brasil, por exemplo, as consequências de cada um destes fenômenos são bem distintas e afetam áreas como o Sul e o Norte do país de maneiras opostas.
Enquanto previsões anteriores indicavam a possibilidade do retorno de La Niña em 2024, avaliações mais recentes de institutos climatológicos apontam para um cenário de neutralidade nos próximos meses. Isso significa que nem o El Niño, nem a La Niña devem prevalecer no curto prazo, conforme o Instituto Internacional de Pesquisa para Clima e Sociedade (IRI), associado à Universidade de Columbia.
Como El Niño e La Niña Influenciam o Clima?
Os fenômenos El Niño e La Niña são parte de um ciclo natural que ocorre no Oceano Pacífico equatorial. Eles influenciam diretamente o clima global devido às suas interações complexas entre o oceano e a atmosfera. Durante o El Niño, há um aquecimento anormal das águas no Oceano Pacífico, o que resulta em chuvas mais intensas na região Sul do Brasil e, concomitantemente, em secas no Norte. Isso foi observado recentemente com chuvas severas no Rio Grande do Sul e secas na Amazônia.
Por outro lado, La Niña provoca um resfriamento nas águas do Pacífico, invertendo esses padrões climáticos: menos chuva no Sul e mais precipitação no Norte. Estes ciclos são monitorados por meteorologistas por sofisticadas redes de boias oceânicas que retransmitem dados climáticos por satélite.
Quais São os Critérios para Identificar Estes Fenômenos?
Para reconhecer quando um desses fenômenos está ocorrendo, são utilizadas medições da temperatura média das águas do Oceano Pacífico ao longo de um período de 30 anos. Desvios de temperatura de 0,5 °C ou mais acima da média caracterizam um El Niño, enquanto desvios de 0,5 °C ou mais abaixo indicam a presença de La Niña. Além disso, precisa haver um acoplamento oceano-atmosfera, que ocorre quando essas alterações de temperatura se mantêm por três meses ou mais.
Essas medições são cruciais para prever e entender as mudanças climáticas, oferecendo subsídios valiosos para políticas públicas e estratégias agrícolas, especialmente em regiões vulneráveis a secas ou inundações.

Por que as Previsões de El Niño e La Niña Variam tanto?
As divergências nas previsões sobre ocorrências de El Niño e La Niña resultam das diferentes abordagens utilizadas por instituições como o Centro de Previsão Climática (CPC) dos Estados Unidos e o IRI. O CPC usa uma combinação de análise estatística e interpretação subjetiva de meteorologistas especializados, enquanto o IRI foca em modelos climáticos globais, evitando julgamento subjetivos. Este último prevê uma ausência de La Niña até 2026, rompendo com as previsões convencionais do CPC.
El Niño Permanente: Realidade ou Especulação?
A hipótese de um El Niño permanente tem sido levantada devido ao aquecimento global dos oceanos. Embora alguns especialistas considerem essa possibilidade, ainda é cedo para afirmá-la com certeza. Foi observado anteriormente que dois El Niños podem acontecer sequencialmente, apenas com uma breve fase de neutralidade, como nos anos 1960 e 1970. Assim, a atual ausência de La Niña pode ser parte das flutuações normais deste ciclo.
O estudo constante desses fenômenos é vital para a compreensão das futuras tendências climáticas e o planejamento de adaptações necessárias no Brasil, considerando suas variações geográficas e os impactos climáticos diferenciados em cada região.









