As empresas de varejo tiveram um ganho expressivo no mês de agosta no Ibovespa, depois de amargarem vários meses de queda, diante do aperto monetário que o Banco Central tem promovido para tentar conter a inflação.
Para Antonio Sanches, analista de investimentos da Rico Investimentos, com a iminência do fim do aumento da taxa de juros, os setores de varejo e tecnologia serão beneficiados com a diminuição da pressão dos juros nas empresas da bolsa brasileira.
“Afinal, se a alta de juros tende a impactar negativamente ações, o fim desse ciclo pode no mínimo afastar esse efeito. Com o início de uma normalização nas cadeias produtivas, os efeitos dos juros mais altos e o impacto da redução de impostos no combustível, começamos a ver os primeiros dados de inflação em queda aqui no Brasil. Com isso, as expectativas em relação ao varejo voltaram a melhorar marginalmente”, explica o analista.
Além da inflação alta impactar no poder de compra do consumidor, que passa a postergar as aquisições de maior valor e não essenciais, ela também reduz as margens de lucro das empresas, que muitas vezes não conseguem repassar o aumento de preços ao consumidor final.
“Com a alta nos preços perdendo força nos próximos meses e juros voltando a cair, podemos esperar uma redução da pressão desses fatores nos resultados das empresas do varejo. Com isso, temos visto um maior otimismo em relação a essas empresas como reflexo dessa combinação”, apontou o relatório.
Por fim, a análise lembra que a bolsa brasileira tem sido negociada com desconto em relação ao seu histórico. Parte da alta recente das ações do Ibovespa também pode ser atribuída pela correção deste desconto com uma diminuição da aversão ao risco dos mercados no último mês.
Já a XP Investimentos, disse que a forte recuperação de venda vista no primeiro semestre deste ano deve continuar no segundo semestre com expectativas de vendas crescendo 20%, em comparação a 2019 nos shoppings dominantes, no terceiro trimestre de 2022.
“A manutenção de inadimplência líquida e custos de ocupação devem se manter em níveis saudáveis, o fluxo de pessoas e tempo de permanência ainda devem ficar abaixo dos níveis pré-pandemia, abrindo espaço para crescimento nos próximos trimestres, vindo principalmente de eventos, cinema e restaurantes”, explicou a XP.
A análise lembrou ainda que o principal objetivo das empresas é usar sua estratégia digital para alavancar a recorrência de compras, a fidelização e, finalmente, o tráfego de pedestres do shopping, com algumas empresas destacando que, para alguns varejistas, sua plataforma representa mais de 30% das vendas.
Além disso, segundo a XP, a concorrência ainda não é uma preocupação, com as empresas vendo grandes players do comércio focando em um nicho diferente, enquanto os varejistas veem a digitalização dos shoppings como fonte de vendas incrementais.
A XP citou como exemplo de boa governança e com perspectivas de forte crescimento para o segundo semestre as empresas Multiplan, JHSF e Iguatemi. Às 12h50, as três empresas tinham suas ações subindo no Ibovespa, respectivamente, 0,12%, 2,69% e 1,15%.
Emerson Lopes / Agência CMA
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