Nas últimas semanas, a alta no preço do café moído e torrado nos supermercados, que disparou mais de 90% nos últimos 12 meses, foi um dos assuntos mais comentados e até virou meme na internet.
Enquanto os consumidores foram pressionados pelo aumento, os investidores, principalmente os que operam com contratos futuros e opções de café, aproveitaram para lucrar.
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No novo episódio do podcast Ligando os Pontos, Marcos de Vasconcellos, CEO do Monitor do Mercado, explica a alta do preço da commodity e como ela tem dado lucro para investidores no Brasil e no mundo.
O que explica a alta do café?
A alta do preço do café está relacionada a fatores climáticos e estruturais. O Brasil, maior produtor mundial de café, enfrentou em 2024 a pior seca dos últimos 70 anos, comprometendo a safra. O Vietnã, outro grande produtor, também registrou queda na colheita devido a condições climáticas adversas.
Além disso, a commodity possui uma produção bienal, ou seja, anos de safra alta são seguidos por anos de produção menor. Como 2024 foi um ano de safra cheia, a expectativa para 2025 é de oferta reduzida, o que pressiona ainda mais os preços.
E aqui se aplica o conceito de oferta e demanda. Enquanto a oferta enfrenta desafios, a demanda segue em alta, especialmente na Ásia, onde o consumo de café tem crescido com a ocidentalização dos hábitos alimentares.
Em resposta à demanda internacional e à desvalorização do real, as exportações brasileiras de café aumentaram 28% em 2024, ultrapassando 50 milhões de sacas. Esse volume gerou uma receita cambial de US$ 12,5 bilhões, um crescimento de 55% em relação a 2023.
Investidores aproveitam o momento
Diante desse cenário, investidores e traders têm buscado operações especulativas no mercado de commodities. Na Bolsa brasileira, o café é negociado por meio de contratos futuros e opções, métodos que permitem operar sem a necessidade de ter o produto fisicamente.
Produtores também utilizam o mercado financeiro para proteger suas margens de lucro. Uma das estratégias utilizadas em períodos de volatilidade é o “hedge”, que reduz a exposição a riscos de oscilações de preços. Para produtores, ele funciona como uma espécie de “seguro” contra variações bruscas no valor do produto.
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Por exemplo, um produtor pode vender contratos futuros de café na bolsa de valores antes da colheita. Se o preço cair até o momento da venda efetiva, ele estará protegido porque já garantiu um valor fixo previamente acordado. Dessa forma, evita perdas significativas e consegue prever melhor suas receitas.
Reflexos na inflação e nos juros
A alta do café também impacta os índices de inflação, aumentando os desafios do Banco Central para controlar os preços. Esse aumento da inflação pressiona as decisões sobre a taxa básica de juros (Selic), usada como “remédio” para conter a alta generalizada dos preços.
