O aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para fintechs e empresas de tecnologia reacendeu o debate sobre os efeitos da carga tributária no ecossistema de inovação brasileiro. A medida eleva os impostos de 9% para até 15% em algumas categorias e tem sido criticada por representantes do setor.
Segundo a análise de Fábio Marques, CTO da EcommIT, haverá impacto direto na capacidade de inovação das empresas. “O aumento da CSLL, em um setor como o nosso, altamente dinâmico e com margens de reinvestimento muito sensíveis, representa um retrocesso estratégico”, afirma.
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Mais impostos e menos recursos para inovar
Segundo Marques, companhias de tecnologia e fintechs já operam com alto grau de reinvestimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D), capacitação técnica e adoção de novas plataformas. A elevação da carga tributária pressiona ainda mais o orçamento dessas atividades.
“O impacto recai diretamente sobre recursos para contratar talentos, testar novas tecnologias como IA e blockchain e manter o ritmo de transformação necessário. A longo prazo, isso compromete nossa competitividade local e global”, avalia.
Fuga de talentos e investimentos preocupa setor
O cenário se agrava diante da competição global. “Vivemos em um ecossistema onde capital e talentos são altamente móveis. A alta da CSLL pode parecer pontual para arrecadação, mas desestimula o empreendedorismo e afasta investimentos”, alerta o executivo.
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Startups com caixa limitado tendem a adiar projetos. Já empresas maiores avaliam migrar para mercados onde o pagamento de impostos é mais atrativo, como México, Portugal e Estônia. “Estamos reforçando o ciclo de fuga de talentos e empresas em áreas como cibersegurança e meios de pagamento”, completa Marques.
Dados reforçam a preocupação do setor
Uma nota conjunta da Pagos, associação de fintechs, alerta que o aumento da CSLL ameaça a inclusão financeira e a inovação no Brasil. A entidade defende que a elevação da alíquota pode comprometer o avanço de serviços digitais em áreas onde o sistema bancário tradicional não chega.
Estudo do Banco Central mostra que o setor de tecnologia e serviços financeiros digitais respondeu por mais de 60% da inclusão financeira no país nos últimos dez anos.
No primeiro trimestre de 2025, o Brasil registrou saída de US$ 15,8 bilhões em capital estrangeiro, parte ligada à migração de empresas e profissionais para ambientes regulatórios mais favoráveis.
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Competitividade em risco
“O risco é claro: sem um ambiente favorável à inovação, o Brasil perde protagonismo tecnológico. Menos startups, menos empregos de qualidade e menos soluções locais”, afirma Marques.
Enquanto o setor articula com o Congresso por ajustes na medida provisória, a expectativa é por alternativas que preservem o ecossistema de inovação sem comprometer a arrecadação pública.