A Gerdau (GGBR4) registrou lucro líquido de R$ 1,09 bilhão no terceiro trimestre de 2025, uma queda de 23,9% em relação ao mesmo período de 2024. O resultado foi impactado pela redução da rentabilidade, apesar do crescimento nas vendas.
O Ebitda ajustado — indicador que mede o resultado operacional antes de juros, impostos, depreciação e amortização — somou R$ 2,737 bilhões, recuo de 9,2% na base anual. A receita líquida totalizou R$ 17,983 bilhões, avanço de 3,5% em relação a um ano antes.
Segundo a companhia, o aumento da receita foi impulsionado pelo crescimento de 9,1% no volume de vendas, com destaque para a operação na América do Norte, responsável por 50% da receita consolidada, mesmo com a desvalorização de 3,8% do dólar frente ao real no período.
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O custo das vendas por tonelada caiu 1,9% entre julho e setembro, na comparação anual. A redução foi puxada por menores custos na América do Norte e na América do Sul, devido a ganhos de produtividade e à diluição de custos fixos, compensando o aumento observado no Brasil.
Investimentos e novos projetos
A Gerdau investiu R$ 1,7 bilhão em Capex (investimentos em bens de capital) no trimestre, sendo cerca de 60% destinados a projetos de competitividade.
No Brasil, a empresa concluiu o ramp-up — fase de aceleração da produção — da nova linha de bobinas a quente na planta de Ouro Branco (MG), com capacidade adicional de 250 mil toneladas por ano.
Nos Estados Unidos, a companhia iniciou o comissionamento da nova instalação de downstream (processo de transformação do aço em produtos acabados) em Midlothian, no Texas, o chamado Projeto Solar Pile, voltado ao setor de energia solar.
Para 2026, o plano de investimentos em Capex será de R$ 4,7 bilhões, redução de 22% em relação ao previsto para 2025.
Dívida e resultado financeiro da Gerdau
A dívida líquida encerrou setembro em R$ 8,77 bilhões, queda de 3,8% frente ao trimestre anterior. O resultado financeiro melhorou 33,4% em relação ao segundo trimestre e 30,9% na comparação anual, refletindo aumento nas receitas financeiras. O saldo ficou negativo em R$ 223 milhões.
A alavancagem — medida pela relação dívida líquida/Ebitda ajustado — ficou em 0,81 vez, acima dos 0,32 vez de um ano antes, mas ainda abaixo do limite estabelecido pela política financeira da empresa.
Análise: Citi e BTG mantêm recomendação de compra
O Citi classificou o resultado do terceiro trimestre como “positivo”, destacando a resiliência das operações na América do Norte e a recuperação na América do Sul. O banco manteve recomendação de compra para as ações da Gerdau e preço-alvo de R$ 20, um potencial de valorização de 6,8%.
Segundo os analistas, a expectativa é de recuperação gradual dos preços e resultados mais fortes a partir do quarto trimestre e ao longo de 2026. A margem de 17% e o Ebitda de R$ 234 milhões na América do Sul superaram as projeções, impulsionados por um mix de produtos mais favorável e melhor desempenho na Argentina.
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O BTG Pactual avaliou que os resultados vieram um pouco abaixo das suas estimativas, mas em linha com o consenso de mercado. O banco também manteve recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 20 para as ações preferenciais, representando potencial de alta de 6,83%.
Os analistas do banco destacaram que o Ebitda ficou 2% abaixo das projeções, devido a margens menores no Brasil, pressionadas pela deflação dos preços internos do aço.
Como ponto positivo, o BTG ressaltou o fluxo de caixa livre de R$ 1 bilhão e o programa de recompra de ações, além do dividendo de R$ 555 milhões, equivalente a um rendimento de 1,5%.
O banco vê a Gerdau como uma das empresas de maior qualidade do setor, equilibrando fundamentos positivos nas operações dos EUA e desafios no mercado doméstico. A expectativa é que a aprovação de medidas antidumping e possíveis reajustes de preços no Brasil possam melhorar as margens no curto prazo.
