Economistas avaliam que a Reforma da Previdência é o principal legado econômico do governo Bolsonaro, mesmo ela tendo deixado a desejar.
As entrevistas foram feitas com diferentes profissionais da área pelo site UOL Economia.
Alguns deles afirmam que esse foi o único legado do governo, que gerou uma economia de R$ 800 bilhões para as contas públicas, mesmo com a pretensão de reduzir em R$ 1,4 trilhão.
Otto Nogami, economista e professor do Insper em São Paulo, entende que “A reforma da Previdência é um legado, sem dúvida, mas totalmente desidratado. O que se pretendia era uma economia de R$ 1,4 trilhão. Ficaram R$ 800 bilhões. E agora, com essas medidas populistas do governo, a situação via se agravar. Tudo o que foi feito em matéria de reforma da Previdência está indo ralo abaixo.”
Quando o professor fala de “medidas populistas”, ele está se referindo ao Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família, no valor de R$ 400.
Para os economistas, a aprovação da PEC dos Precatórios – que cria o espaço fiscal para o pagamento do Auxílio – enfraquece o teto de gastos.
O controle das contas públicas foi uma promessa eleitoral do governo. Paulo Guedes, quando assumiu o ministério, falou sobre a possibilidade de zerar o déficit primário do governo em 2019, mas as contas devem ter saldo negativo de 0,6% do PIB em 2021, de acordo com previsão da pesquisa Focus.
“Estamos devendo na reforma administrativa e perdemos a chance de fazer a reforma tributária. Poderia ser um gol de placa do governo, mas não se levou a agenda adiante. Além disso, houve destruição institucional com a PEC dos Precatórios. Permitir o aumento de gastos em 2022 compromete a credibilidade do teto.” diz Alexandre Schwartsman, socio da consultoria Schwartsman & Associados,.
O economista, entretanto, considera como pontos positivos da gestão Guedes os marcos legais de gás natural e saneamento, além da aprovação da autonomia do Banco Central, que em tese deve dar mais autonomia ao BC no controle da inflação – um dos principais desafios de 2021 para o Brasil.
Guedes tentou se defender das críticas feitas em coletiva realizada na sexta-feira (17/12), citando as prometidas privatizações de estatais:
“Neste ano agora e mais o ano anterior, em dois anos efetivos, nós conseguimos R$ 100 bilhões de estatais por ano.”
O ministro também afirmou que pretende concluir a privatização dos Correios e da Eletrobrás no ano que vem.
Entretanto, as privatizações estão abaixo do prometido em campanha. Em 2018, Guedes disse que arrecadaria entre R$ 800 bilhões e R$ 1 trilhão apenas em vendas de estatais e participações. O valor arrecadado, portanto, é apenas 25% do mínimo prometido pelo ministro.