O dólar à vista apresentou um leve recuo na sessão desta sexta-feira (1), após a expressiva alta de 1,68% registrada ontem, quando chegou a flertar com a marca dos R$ 5,00 nas máximas.
Esse movimento de acomodação foi impulsionado pela superação dos fatores técnicos que influenciaram a taxa de câmbio, como a rolagem de contratos no segmento futuro e a formação da última taxa PTAX de agosto. Neste contexto, investidores realizaram ajustes de posições e lucros.
Commodities e PIB fortalecem real
Operadores apontam que a alta das commodities desempenhou um papel significativo nesse recuo do dólar. Dados positivos da indústria chinesa, que anunciou medidas de apoio ao setor imobiliário, e o desempenho robusto do PIB brasileiro no segundo trimestre abriram espaço para a desvalorização da moeda americana. Além disso, moedas pares do real, como o peso chileno, peso colombiano e rand sul-africano, também apresentaram valorização.
Dólar ameaça romper piso de R$ 4,90, mas recua
Nas primeiras horas de negociação, o dólar ameaçou romper o piso de R$ 4,90 em reação ao relatório de emprego nos EUA, chegando a tocar a mínima de R$ 4,9005. No entanto, o ritmo de queda diminuiu pela manhã, e a moeda chegou a uma máxima de R$ 4,9481. Ao final do dia, o dólar à vista encerrou cotado a R$ 4,9405, registrando uma queda de 0,21%. Na semana, o dólar acumula uma valorização de 1,33%, em parte devido ao aumento dos prêmios de risco relacionados às dúvidas sobre a gestão da política fiscal.
Vetos presidenciais geram desconforto
André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, observa que os vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sanção do novo arcabouço fiscal causaram desconforto nos mercados. Lula vetou o item que impedia a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de excluir despesas do cálculo da meta fiscal, o que gerou preocupações em relação ao aumento de gastos públicos.
Reação exagerada ao PLOA
Galhardo acredita que houve uma reação exagerada dos investidores ao Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), divulgado recentemente, no qual o governo busca ampliar as receitas em R$ 168 bilhões para cumprir a meta fiscal de déficit primário zero em relação ao PIB em 2024. O consultor argumenta que o mercado pode se acalmar nas próximas semanas em relação ao orçamento, o que pode beneficiar o real.
Crescimento do PIB supera expectativas
O IBGE divulgou pela manhã que o PIB do segundo trimestre cresceu 0,9% em relação ao primeiro trimestre, superando as expectativas dos analistas. Na comparação anual, o crescimento foi de 3,40%, também acima das estimativas. Instituições como BTG Pactual, JPMorgan e Bradesco revisaram para cima as previsões de crescimento do PIB para este ano. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo também vai revisar a estimativa do PIB, que atualmente é de 2,5%, prevendo um crescimento em torno de 3% para a economia brasileira este ano.
Cenário internacional e comportamento do dólar
No cenário internacional, o índice DXY, que mede o comportamento do dólar frente a moedas fortes, operou em alta no fim da tarde, atingindo cerca de 104,200 pontos. Pela manhã, o Dollar Index recuou e atingiu a mínima de 103,272 pontos após a divulgação do payroll. Embora os EUA tenham criado 187 mil vagas em agosto, superando as expectativas, o salário médio cresceu menos do que o esperado e a taxa de desemprego subiu de 3,5% para 3,8%. Esses fatores indicam pressões inflacionárias menores e sugerem um possível fim do ciclo de alta de juros nos EUA. Dados positivos da indústria americana em agosto e declarações da presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, também fortaleceram o DXY. Mester mencionou dúvidas sobre se os juros nos EUA estão nos níveis restritivos necessários para conter a inflação.
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