O dólar à vista teve um dia marcado por instabilidade e mudanças de rumo nesta segunda-feira (30). Após uma manhã de oscilações, a moeda americana firmou-se em alta moderada ao longo da tarde. Esse movimento acompanhou a piora do cenário interno, desencadeada pela divulgação do resultado do Governo Central em julho e pela fala da ministra do Planejamento, Simone Tebet, sobre o projeto de lei orçamentária do próximo ano.
A cotação máxima atingiu R$ 4,8833, enquanto a mínima chegou a R$ 4,8442. Ao final da sessão, o dólar fechou cotado a R$ 4,8692, com um aumento de 0,30% em relação ao dia anterior.
Influência de fatores técnicos e preparação para Ptax de agosto
Operadores financeiros também notaram a influência de fatores técnicos nesse movimento do dólar. Investidores estão realizando o rolamento de posições no segmento futuro, como parte da preparação para a disputa da formação da última ptax de agosto, que ocorrerá amanhã. O contrato de dólar futuro para setembro movimentou mais de US$ 13 bilhões.
Apesar da alta registrada hoje, o dólar à vista apresenta uma leve queda ao longo da semana, acumulando -0,13%. Desde o fechamento a R$ 4,9868 em 15 de agosto, a moeda recuou 2,35%.
Indicadores externos e a influência no câmbio
A valorização do dólar poderia ter sido mais intensa no mercado brasileiro hoje, não fossem dois fatores externos: o enfraquecimento da moeda americana no cenário global e a queda nas taxas dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, conhecidos como Treasuries. Isso se deve em parte aos dados do relatório ADP sobre o emprego privado nos EUA em agosto, que ficaram abaixo das expectativas, e à segunda leitura do Produto Interno Bruto (PIB) americano do segundo trimestre.
Cenário doméstico e contas públicas
No cenário interno, a atenção se volta para a trajetória das contas públicas. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, revelou que o governo precisa de R$ 168 bilhões em novas receitas para eliminar o déficit primário no próximo ano. Essa estimativa é maior do que as anteriores, que giravam em torno de US$ 150 bilhões.
Entre as estratégias para conseguir recursos, o governo busca aprovar o projeto de lei do voto de qualidade do Carf, que já passou pela Câmara e está em tramitação no Senado. Além disso, foram anunciadas medidas para tributar fundos exclusivos, offshores e trusts.
Expectativas para os próximos passos
O mercado está de olho nos resultados dos próximos indicadores econômicos nos EUA, assim como na entrega do Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) de 2024 ao Congresso. A expectativa é de que esses eventos continuem a influenciar o comportamento do dólar e dos investidores nos próximos dias.
Imagem: Piqsels