“Crie corvos e eles te arrancarão os olhos”, diz o provérbio espanhol. Acho mais sonoro no idioma original: “Cría cuervos y te sacarán los ojos”. E vem bem a calhar quando olhamos de perto o lucro recorde do novo gigante das finanças Nubank.
Acontece que desde dezembro de 2021, quando fez seu IPO na Bolsa de Valores dos Estados Unidos, focado em expandir o negócio, o Nubank viu a inadimplência de seus clientes praticamente dobrar.
No caso das dívidas de mais de 90 dias, o indicador de inadimplência (cuja sigla é NPL) saiu de 3,1%, para os atuais 6,1%. Para as dívidas de 15 a 90 dias, o NPL foi de 2,6% para 4,1% —aumento de 57%.
No Itaú, maior player do setor, a inadimplência chegou, no mesmo período, ao patamar de 2,8%, para dívidas acima de 90 dias; e foi para 2,3%, para aquelas entre 15 e 90 dias.Em taxas de crescimento que não passam de 30%.
Agora, com a nova lei que limita em 100% os juros cobrados pelo rotativo do cartão, o banco encara um dilema: começa a pesar a mão nas cobranças, diminuindo a satisfação de seus clientes e sacrificando a sua expansão, ou segue a alimentar os corvos do crédito fácil, correndo risco de vê-los fora da gaiola, estraçalhando seus números no futuro.
Esse é um trecho da coluna que publiquei na Folha de S.Paulo. Clique aqui para ler a íntegra.