O Banco do Povo da China (PBoC) anunciou uma série de cortes de juros e redução no compulsório bancário nesta quarta-feira (7), com o objetivo de estimular a economia chinesa diante do aumento das tensões comerciais com os Estados Unidos.
As medidas ocorrem poucos dias antes de uma rodada decisiva de negociações comerciais entre os dois países, marcada para o fim de semana, na Suíça.
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Cálculo estratégico antes da reunião com os EUA
O anúncio das medidas ocorre às vésperas do encontro entre autoridades dos EUA e da China para retomar negociações comerciais.
O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, e o representante comercial Jamieson Greer vão se reunir com o vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng na Suíça, iniciam as negociações neste sábado (8).
Em nota enviada a clientes, analistas do Bank of America liderados por Anna Zhou, avaliaram que o momento da decisão foi estrategicamente planejado.
“O estímulo é entregue pouco antes das próximas negociações com os EUA, o que demonstra a paciência estratégica da China”, disse o banco.
Os analistas destacaram ainda que a recente valorização do iuane, impulsionada por um dólar mais fraco, abriu espaço para o PBoC adotar um corte de juros sem pressionar a moeda chinesa.
Medidas adotadas pelo Banco Central da China
Segundo o presidente do PBoC, Pan Gongsheng, as medidas adotadas visam liberar cerca de 1 trilhão de iuans (aproximadamente US$ 138 bilhões ou R$ 700 bilhões) em liquidez no sistema financeiro. As principais ações anunciadas incluem:
- Corte da taxa de recompra reversa de sete dias, de 1,5% para 1,4%;
- Redução das taxas de reempréstimo e linhas de crédito suplementares em 0,25 ponto percentual;
- Queda nas taxas de hipoteca do fundo de previdência habitacional para empréstimos de cinco anos, de 2,85% para 2,6%;
- Redução do compulsório bancário (RRR) em 0,5 ponto percentual, passando para 6,2%.
O compulsório bancário é a parcela dos depósitos que os bancos são obrigados a manter no Banco Central, sem poder utilizar para concessão de crédito. Sua redução libera recursos para novos empréstimos, facilitando o acesso ao crédito e estimulando a atividade econômica.
Acusações de falta de transparência contra a China
Enquanto reforça estímulos, o governo chinês é alvo de críticas sobre a confiabilidade dos dados econômicos.
Uma reportagem do Wall Street Journal apontou que a China tem ocultado ou manipulado informações sobre crescimento, desemprego e mercado imobiliário. Os exemplos citados incluem:
- PIB de 2024: divulgado em 5%, mas estimado por analistas entre 2,4% (Rhodium Group) e 3,7% (Goldman Sachs)
- Taxa de desemprego entre jovens: ficou cinco meses sem divulgação e caiu de 21,3% para 14,5% de forma abrupta
- Dados sobre vendas de imóveis e produção industrial: deixaram de ser publicados em anos recentes.
Essa opacidade aumenta a incerteza para investidores globais, dificultando a leitura real do cenário econômico e influenciando decisões de alocação de capital.