Entre 2020 a 2024, a dívida bruta das companhias listadas na B3 cresceu 81%, saltando de R$ 1,1 trilhão para R$ 2 trilhões. Nesse mesmo período, o volume de debêntures emitidas mais que dobrou: de R$ 232 bilhões para R$ 556 bilhões — uma alta de 139%, segundo levantamento da consultoria Elos Ayta, apresentado por Einar Rivero em sua coluna no portal E-Investidor.
Esses números demonstram que as debêntures têm ganhado cada vez mais espaço como instrumento de financiamento alternativo aos bancos, em um movimento impulsionado pelo cenário de juros altos.
Neste estudo foram analisados dados financeiros públicos de 298 empresas não financeiras listadas na B3 com informações completas entre 2020 e 2024. A Petrobras foi excluída da análise por seu porte, que tende a distorcer médias e percentuais consolidados.
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Quase um terço da dívida é formada por debêntures
Em 2020, as debêntures representavam 20,9% da dívida bruta dessas companhias. Já em 2024, esse número chegou a 27,7%.

Com esses dados, percebe-se que quase um terço do endividamento das empresas está atualmente atrelado ao mercado de capitais — um sinal de maturidade, mas que também exige atenção redobrada dos investidores.
Debêntures crescem como alternativa aos bancos
Com a taxa Selic superando os 14% ao ano em parte do período analisado, as empresas encontraram nas debêntures uma alternativa mais flexível e, em muitos casos, mais barata do que os empréstimos bancários.
Entre as vantagens se destacam: prazos mais longos, possibilidade de carência e os incentivos fiscais (em alguns casos).
Em 2024, o volume de debêntures de longo prazo chegou a R$ 502 bilhões, contra apenas R$ 54 bilhões em papéis de curto prazo — ou seja, cerca de 90% das emissões miram o longo prazo, sinalizando que as companhias buscam previsibilidade em meio à volatilidade macroeconômica.
É necessário analisar os riscos
Einar Rivero, CEO da Elos Ayta, alerta que o aumento da emissão de debêntures pode parecer uma boa notícia para quem busca alternativas de renda fixa. No entanto, é preciso avaliar com cautela os riscos por trás desses títulos:
1. Capacidade de pagamento: a dívida líquida das empresas analisadas subiu de R$ 600 bilhões para R$ 1,3 trilhão entre 2020 e 2024. O caixa também cresceu, de R$ 510 bilhões para R$ 679 bilhões. Ainda assim, é fundamental avaliar a geração de caixa operacional para garantir que a empresa conseguirá honrar seus compromissos.
2. Exposição ao mercado de capitais: com 27,7% da dívida lastreada em debêntures, o investidor deve analisar se a empresa está diversificando suas fontes de crédito ou ficando dependente demais de um único canal.
3. Perfil de vencimento: empresas com maior parte da dívida no longo prazo tendem a enfrentar menor risco de refinanciamento.
4. Índice de cobertura de juros: rendimentos elevados não garantem segurança. É essencial verificar se a empresa gera caixa suficiente para cobrir os juros da dívida.
5. Tipo de debênture: debêntures incentivadas oferecem isenção de IR para pessoas físicas, mas têm menor liquidez. Já as comuns têm maior risco de crédito e podem oferecer retornos mais altos.
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Riscos adicionais: covenants e indexadores
Outro ponto de atenção são os covenants — cláusulas contratuais que impõem limites ou exigências às empresas emissoras. Esses dispositivos protegem os investidores, mas podem gerar problemas caso a empresa não os cumpra.
Além disso, o custo real da dívida pode ultrapassar dois dígitos quando atrelado a indexadores como CDI ou IPCA, exigindo que a empresa mantenha margens operacionais robustas para evitar efeitos negativos de alavancagem.
O estudo da Elos Ayta destaca ainda que, embora empresas listadas tenham acesso ao crédito externo, o risco cambial torna essa opção mais arriscada.
Em 2025, a valorização do dólar segue como uma das maiores preocupações para quem busca financiamento fora do país.
2024 foi o 3º melhor ano para dividendos da história
Além das debêntures, o levantamento da Elos Ayta também analisou os dividendos pagos em 2024. O total desembolsado pelas empresas da B3 foi de R$ 274,8 bilhões, o terceiro maior valor em cinco anos.
No entanto, a Petrobras respondeu por R$ 100,7 bilhões — ou 36,6% do total. Sem a estatal, o volume de dividendos pagos pelas demais companhias caiu para R$ 174,1 bilhões, ainda assim o segundo maior valor desde 2020.
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Bancos, mineração e energia lideram
As dez maiores empresas pagadoras representaram 69% do total de dividendos da B3. A concentração ainda é alta, mas caiu em relação aos anos anteriores (76% em 2022 e 72% em 2023), o que pode indicar uma leve dispersão na distribuição de lucros.
Entre as empresas com maiores pagamentos estão:
- Petrobras: R$ 100,7 bilhões
- Itaú, Banco do Brasil, Bradesco e Santander: R$ 48,8 bilhões combinados
- Vale: R$ 20,7 bilhões
- Cemig: R$ 4,3 bilhões, mais que o dobro de 2023
- CSN Mineração: R$ 4,3 bilhões