O mercado de trabalho dos Estados Unidos criou 250 mil vagas em junho, após a abertura de 390 mil postos em maio, e a taxa de desemprego se manteve em 3,6%, segundo analistas consultados pela Agência CMA.
Os dados são uma mediana produzida a partir das projeções dos economistas, que oscilam entre a criação de 250 mil a 300 mil vagas, enquanto as estimativas para a taxa de desemprego ficaram majoritariamente em 3,6%.
De acordo com analistas, a diminuição na criação de empregos nos Estados Unidos deve continuar, mas ainda num ritmo cadenciado que não deve impactar de maneira tamanha a ponto de o mercado de trabalho entrar num colapso.
“A criação de 250 mil empregos para junho seria a leitura mais fraca desde dezembro de 2020, mas ainda representaria um crescimento sólido em comparação aos padrões passados, particularmente com a taxa de desemprego já tão baixa”, explica o analista sênior da Capital Economics, Andrew Hunter.
“Isso ecoa as evidências mais amplas do mercado de trabalho, com pesquisas mostrando demissões em alta, o que consiste com a desaceleração do crescimento dos salários nos próximos meses”, completa.
Para o economista-chefe de Internacional do ING, James Knightley, o mercado de trabalho dos Estados Unidos continua com a demanda aquecida, o problema, porém, reside na qualificação dos trabalhadores para preencher as vagas que estão sendo abertas, o que tem justificado o aumento nos salários.
“Em contrapartida, sentimos que a queda nos mercados de ações e o crescente discurso de recessão à medida que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) aumenta as taxas de juros, pode levar alguns empregadores a desacelerar a taxa de contratação”, afirma Knightley.
“Para considerarmos seriamente mudar nossa estimativa sobre o aumento de juros pelo Fed, precisaríamos ver o crescimento do payroll cair, com a taxa de desemprego se movendo alguns décimos mais cima e o crescimento dos salários mostrando sinais de estagnação”, acrescentou.
Knightley também considera que mesmo que o índice venha abaixo do esperado isso não deve impactar nas próximas decisões de política monetária do Fed. O que está em jogo, para ele, será o comportamento das taxas de juros a partir de setembro.
GANHOS POR HORA
Projeções feitas pela Agência CMA mostram que o mercado espera aceleração no salário médio por hora em junho. A perspectiva é de alta de 0,3% em base mensal e de avanço de 5,0% em base anual.
Em maio, o salário médio por hora no setor privado somou US$ 31,95, alta de 0,3% ante os US$ 31,85 registrados em abril e alta de 5,2% em comparação aos US$ 30,36 em maio do ano anterior.
O analista-chefe de mercado da CMC Markets, Michael Hewson, considera que o foco do relatório de amanhã deve ser em analisar o impacto da inflação e da alta de juros no número de contratações e no aumento dos salários.
“Os Estados Unidos têm mais de 11 milhões de vagas de emprego em aberto, mas a taxa de participação do mercado de trabalho permanece em 62%”, afirma Hewson. “Os empregadores estão com problemas para preencher cargos, apesar dos salários mais altos”.
ADP
O relatório de vagas do setor privado dos Estados Unidos, excluindo o setor rural, publicado pela Automatic Data Processing (ADP) e pela Macroeconomic Advisers foi pausado até o dia 31 de agosto, de acordo com informações do órgão.
Assim, ficam suspensas a publicação dos relatórios sobre junho, que tinha como previsão ser divulgado hoje às 9h15 (horário de Brasília), e de julho.
Darlan de Azevedo / Agência CMA
Imagem: piqsels.com
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