O dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira (3) em queda de 0,28%, cotado a R$ 5,40 — menor valor de fechamento desde 24 de junho do ano passado.
A moeda brasileira se beneficiou da entrada de fluxo estrangeiro e da valorização das commodities, mesmo após dados fortes do mercado de trabalho americano reduzirem a expectativa de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed).
Operadores apontam que o movimento de baixa se consolidou na última hora do pregão, impulsionado por aportes em ações e renda fixa no Brasil, enquanto a liquidez global diminuía com o fechamento antecipado dos mercados em Nova York, na véspera do feriado de 4 de julho nos Estados Unidos.
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Payroll forte nos EUA limita cortes de juros
O relatório de empregos (payroll) divulgado pelo Departamento do Trabalho dos EUA mostrou a criação de 147 mil vagas em junho, acima da mediana de 110 mil esperada pelos analistas. A taxa de desemprego recuou de 4,2% para 4,1%, contrariando previsões de alta, e o salário médio por hora subiu 0,22%, abaixo do consenso de 0,30%.
A leitura do mercado é que o Fed terá mais tempo para avaliar os efeitos das tarifas e do ritmo da atividade econômica antes de decidir sobre cortes de juros.
O economista Adauto Lima, da Western Asset, afirma que o dado reduz a urgência de mudanças na política monetária. “O Fed deve adotar cautela, sobretudo com a incerteza sobre os impactos fiscais e comerciais do novo plano orçamentário de Trump”, afirma.
Commodities e emergentes dão suporte ao real
Apesar da alta do dólar globalmente — o índice DXY subiu 0,42%, a 97,180 pontos — o real foi na contramão e se fortaleceu, assim como o peso mexicano. A valorização do minério de ferro, puxada por dados positivos da economia chinesa, favoreceu moedas de países emergentes exportadores de commodities.
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“Há um giro de carteiras em favor de emergentes, e o Brasil se destaca pela taxa de juros elevada e pelo bom desempenho da bolsa”, explica Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo. O Ibovespa chegou a operar perto dos 141 mil pontos, reforçando a entrada de fluxo estrangeiro.
Projeções para o dólar são reduzidas
A XP Investimentos revisou sua projeção para o dólar no fim de 2025 de R$ 5,80 para R$ 5,50. A economista Luíza Pinese destaca que o real tem se beneficiado da fraqueza global do dólar, da política monetária contracionista do Banco Central e das expectativas de avanço fiscal a partir de 2027, após as eleições presidenciais.
Mesmo assim, ela alerta que persistem riscos. “O balanço de pagamentos não está tão saudável como no passado recente. E o cenário fiscal continua desafiador, o que pode limitar o potencial de valorização do real”, afirma.