A Bolsa fechou em queda influenciada pela abertura na curva de juros futuros aqui, que ficou em linha com alta das Treasuries nos Estados Unidos após o payroll forte, e pressão da Vale (VALE3). Com o estresse nos depósitos interfinanceiros (DIs), as empresas ligadas ao ciclo doméstico recuaram.
No fim do dia, o Ibovespa, principal índice da nossa bolsa, fechou em queda de 0,50%, aos 126.795,41 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,7 bilhões. Na semana, o índice caiu 1,02%.
Payroll e expectativa com corte de juros nos EUA
Mais cedo, nos Estados Unidos, foi divulgado o relatório de emprego (payroll, sigla em inglês) com a criação de 303 mil vagas não agrícolas em março contra previsão de 200 mil. Já a taxa de desemprego caiu para 3,8% na comparação com 3,9% registrado em fevereiro e o salário médio por hora no setor privado somou US$ 34,69 em março, alta de 0,3% ante os US$ 34,57 registrados em fevereiro e aumento de 4,1%.
Diante desse cenário, autoridades do Fed, como Michelle Bowman, expressaram cautela, evitando descartar o risco de aumentos nas taxas de juros, especialmente se os esforços contra a inflação forem frustrados. Outros membros, como Lorie Logan e Thomas Barkin, também compartilharam suas preocupações e reconheceram a força do relatório payroll.
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, disse que o payroll impacta na Bolsa.
“A criação de vagas foi forte, principalmente em construção e saúde. Os salários virem como esperado é algo importante, pois é a grande pista se vai pressionar inflação ou não. Por mais que o mercado siga aquecido, não estamos vendo aquele aumento rápido de salários, mas abril vai ser difícil. Os mercados vão ficar bem desconfiados que não vem corte de juros em junho”, explica.
Petrobras
Ações da Petrobras refletiram a instabilidade, com movimentos ligados ao preço do petróleo e incertezas sobre a gestão. A próxima semana traz expectativas sobre o encontro entre o presidente da estatal e o presidente Lula, em meio a disputas internas. No fechamento, PETR3 caiu 0,20% e PETR4 subiu 0,58%.
Fontes do Estadão disseram, hoje, que o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, pode assumir a presidência do Conselho de Administração da Petrobras, em um possível movimento para mediar conflitos internos.
Cenário corporativo
A demanda fraca no mercado imobiliário chinês continua influenciando os preços do minério de ferro e do aço. Com isso, as ações da Vale fecharam em queda de 1,09%. Os setores metálico e financeiro também fecharam em baixa.
Entre as maiores quedas ficaram Magazine Luiza (MGLU3), Lojas Renner (LREN3) e Carrefour Brasil (CRFB3) — 3,38%, 2,64% e 1,97%, respectivamente.
Os destaques de altas ficam para as ações da IRB Resseguradora (+13,20%), BRF (ON, +1,25) e Vibra Energia (ON, 1,55%).
“A IRB refletiu a recomendação de compra por parte do Citi, BR Foods seguiu o bom momento do setor com expectativas de resultados cada vez melhores e Vibra Energia recuperou parte da queda de março, mas sem muitas novidades”, disse Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.